quarta-feira, 15 de junho de 2011

Vamos cultivar

Estou desenvolvendo um projeto com meus alunos do primeiro ano com a intenção de fazer os pequenos colocarem as mãozinhas na terra, acrescentarem minúsculas sementes e regarem esse cultivo com água e zelo para verem algumas flores brotarem.
Minha real intenção é demonstrar a beleza que existe quando cultivamos e demonstrar que plantar, regar e adubar faz nascer flores e árvores, mas cultivar amizades proporciona o desabrochar dos encantamentos que fazem nossos dias melhores.


A ideia deste projeto surgiu durante o planejamento de uma aula, quando recordei algumas atividades realizadas durante a infância sem nenhuma apreensão com o aprendizado formal. Brincadeiras, invenções, travessuras e “projetos” eram realizados sem grandes preocupações ou objetivos a serem atingidos.
Apesar de não perceber, quando crianças, aprendíamos enquanto brincávamos e desenvolvíamos habilidades fundamentais para a convivência no mundo adulto, como julgar, observar, argumentar, criar, expressar, socializar e superar frustrações. Então, por que não oferecer às nossas crianças alguns momentos lúdicos nos quais os objetivos educacionais podem ser atingidos?
A intenção maior de oferecer um pequeno tempo para que as crianças possam lidar com terra, não é de cumprir com as atuais obrigações civis do nosso tempo, tão pouco, apresentar os importantíssimos motivos que devem nos levar a plantar, como reduzir o aquecimento global, evitar a erosão do solo ou contribuir para a manutenção da umidade do ar, pois esse conhecimento virá no tempo certo. Por enquanto, nos cabe a responsabilidade de encantar.
Oferecer um pequeno vaso, algumas gramas de terra e minúsculas sementes para que as crianças vejam brotar com o tempo uma flor cultivada por suas mãos é o mesmo que disponibilizar o encantamento, afinal todo jardim começa com uma história de amor, antes que qualquer árvore seja plantada ou um lago construído é preciso que eles tenham nascido dentro da alma. Quem não planta jardim por dentro, não planta jardins por fora e nem passeia por eles” (Rubem Alves).