quarta-feira, 15 de junho de 2011

Vamos cultivar

Estou desenvolvendo um projeto com meus alunos do primeiro ano com a intenção de fazer os pequenos colocarem as mãozinhas na terra, acrescentarem minúsculas sementes e regarem esse cultivo com água e zelo para verem algumas flores brotarem.
Minha real intenção é demonstrar a beleza que existe quando cultivamos e demonstrar que plantar, regar e adubar faz nascer flores e árvores, mas cultivar amizades proporciona o desabrochar dos encantamentos que fazem nossos dias melhores.


A ideia deste projeto surgiu durante o planejamento de uma aula, quando recordei algumas atividades realizadas durante a infância sem nenhuma apreensão com o aprendizado formal. Brincadeiras, invenções, travessuras e “projetos” eram realizados sem grandes preocupações ou objetivos a serem atingidos.
Apesar de não perceber, quando crianças, aprendíamos enquanto brincávamos e desenvolvíamos habilidades fundamentais para a convivência no mundo adulto, como julgar, observar, argumentar, criar, expressar, socializar e superar frustrações. Então, por que não oferecer às nossas crianças alguns momentos lúdicos nos quais os objetivos educacionais podem ser atingidos?
A intenção maior de oferecer um pequeno tempo para que as crianças possam lidar com terra, não é de cumprir com as atuais obrigações civis do nosso tempo, tão pouco, apresentar os importantíssimos motivos que devem nos levar a plantar, como reduzir o aquecimento global, evitar a erosão do solo ou contribuir para a manutenção da umidade do ar, pois esse conhecimento virá no tempo certo. Por enquanto, nos cabe a responsabilidade de encantar.
Oferecer um pequeno vaso, algumas gramas de terra e minúsculas sementes para que as crianças vejam brotar com o tempo uma flor cultivada por suas mãos é o mesmo que disponibilizar o encantamento, afinal todo jardim começa com uma história de amor, antes que qualquer árvore seja plantada ou um lago construído é preciso que eles tenham nascido dentro da alma. Quem não planta jardim por dentro, não planta jardins por fora e nem passeia por eles” (Rubem Alves).

domingo, 22 de maio de 2011

Novo Conceito

Minha intenção inicial era escrever sobre o último livro que li: “Pensar é Transgredir” de Lya Luft, além de recomendá-lo por ser sensacional. Porém, alguns acontecimentos obrigaram-me a alterar minha primeira ideia.

Dividirei com vocês a última lição aprendida! Inicialmente, devo confessar que tentei me livrar do medo que sinto ou que todos provavelmente sintam ao desnudar e apresentar aos outros seus sórdidos e perversos preconceitos, fruto de situações vividas e aprendidas em nosso cotidiano esmagador e violento.

Em abril de 2006, havia me mudado para São Bernardo do Campo há apenas seis meses. Estávamos felizes e realizados pela conquista e curtindo o novo. Mas, por um infortúnio, fomos assaltados.

Enquanto, entravamos na garagem de casa, quatro jovens rapazes e uma garota, de no máximo, 20 anos, nos renderam e, em aproximadamente, quinze minutos levaram tudo o que puderam. Meu marido ficou com a roupa do corpo e meu filho sem todos os eletrônicos que divertem as crianças do nosso tempo.

Pavor, tristeza, rancor e revolta tomaram conta de todos os meus pensamentos. Meu único desejo passou a ser vingança. Torcia todos os dias para que me ligassem da delegacia para que eu fosse reconhecer aqueles marginais.

Como estou disposta a revelar meus verdadeiros sentimentos, esforçando-me para não sentir tanto medo do que pensarão a meu respeito, preciso ser honesta na escolha das palavras.

Não me lembro de ter me referido àquelas pessoas como marginais. Fiz muito pior! Dizia para mim e todos os que conviviam comigo: “Espero que os policiais encontrem aqueles desgraçados e acabem com todos. Assim, serão menos cinco porcarias a conviver com pessoas de bem”.

Faz cinco anos que vivi o horror de ter uma arma apontada para a cabeça e, apenas agora consigo pensar naquelas pessoas com outro olhar.

Nos últimos dias, uma pessoa muito querida sofreu uma decepção que alterou meus conceitos e preconceitos, minha visão deturpada, meu ódio oculto e reservado, além de me obrigar a relembrar a situação já descrita. O que me fez muito bem porque conheci de perto a outra posição de toda essa história.

Essa pessoa a que me refiro com muita descrição, por motivos óbvios, recebeu a notícia de que seu sobrinho de apenas 21 anos de idade foi acusado e preso, temporariamente, por praticar roubo à mão armada. Até que a justiça consiga provar o envolvimento deste rapaz no ato criminoso, ele é considerado inocente por todos que o amam e não conseguem acreditar que esse pesadelo tenha qualquer nuance de possível realidade.

Essa situação triste, vivida por uma pessoa que admiro e por quem tenho um carinho especial, me fez pensar nas famílias daqueles que roubaram meu momento de alegria e os objetos que acabará de adquirir.

Provavelmente alguns sofreram ou sofrem tanto quanto essa pessoa querida por mim está padecendo agora por conta da infração ou delito realizado ou não por seu sobrinho.

 A dor do desapontamento, da desilusão e da ausência de explicação para tudo o que está acontecendo tem deixado essa conhecida, arrasada, abatida e profundamente magoada e preocupada com seu sobrinho.

Desde então, tenho desejado ardentemente que nenhum policial encontre os envolvidos no roubo da minha casa, que suas mães, tias, primas, pais, irmãos, etc; nunca apresentem um olhar lúgubre, desapontado e apavorado e, por fim que eles e ela possam renovar seus desejos e expectativas, que percebam a existência de outros caminhos a percorrer e que consigam se desvencilhar das garras algozes do crime.

Luciana Fernandes

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Perseverar como Marcelo!

Perseverar: conservar-se firme e constante; permanecer sem variar ou mudar de intento.
Há algum tempo ouvi um "causo" verídico sobre um garoto chamado Marcelo, natural de Fortaleza que sonhava ser músico. Porém trabalhava em uma padaria perto da sua casa e ganhava vergonhosos R$ 10,00 por mês.
Certa tarde ouviu dizer que uma Companhia de Flautista estava prestes a se formar em sua comunidade. Correu para se inscrever, mas precisaria desembolsar dez reais para comprar a flauta. O salário de um mês inteiro.
Marcelo passou 365 dias juntando moedas de dez centavos e no ano seguinte estava matriculado na escola de flautistas.
Meses depois a empolgação tomava conta de seus dias e ocupava seu tempo livre com estudos e treinos. Toda a satisfação trazida pela flauta virou cinza depois que seu pai armou uma fogueira e arremessou sua flauta às chamas.
Mais um ano recolhendo moedas perdidas ou ignoradas nas ruas de Fortaleza!
Hoje, Marcelo é flautista profissional e oferece aulas gratuitas para jovens carentes.
Esse rapaz é lição viva de perseverança.
Tomemos sua história como um grito de alerta diante de todas as facilidades e felicitações que somos agraciados e para que deixemos de ser ingratos e descrentes.
Afinal, uma grande conquista ou derrota avassaladora, dura tempo suficiente para que se torne lembrança longínqua com o passar do tempo. De qualquer maneira, tanto o êxito quanto o fracasso serão apenas recordações que não suscitam mais imenso contentamento ou desagradável sensação de melancolia. São e serão lembranças de fatos vivenciados.
O que nos restará dos momentos vividos, se soubermos e quisermos entender e compreender a vida como uma sucessão milagrosa e admirável de acasos, será a constância, a persistência, a pertinácia ou, simplesmente, a perseverança.
Faça sua escolha!


sexta-feira, 1 de abril de 2011

Educar para a sensibilidade

Recebi do colégio que trabalho a tarefa de postar um comentário, no blog dos professores, sobre a letra da música de Gonzaguinha "O que é, o que é?" http://www.kboing.com.br/gonzaguinha/. Resolvi dividir o nascimento de mais um texto.

Gonzaguinha. Sábio Gonzaguinha que conseguiu sintetizar em letra, música e melodia o universo descomplicado, encantador, compensador e instigante das crianças.
Não seria mais simples, belo e prazeroso viver e encarar o cotidiano como as crianças fazem? Não seríamos mais agradecidos à nossa existência e por consequência, mais serenos, justos e humanos?
Porém, não somos e não fomos educados para nos fascinarmos com a singeleza da vida. Tentemos nos recordar do nosso tempo de educandos!
Você consegue se lembrar do brilho nos olhos de seus professores  (qualquer um) quando era perceptível seu entendimento diante de um novo conteúdo? Recorda-se de ter sido educado para a sensibilidade? È capaz de trazer de volta à memória apenas um assunto ou conceito “aprendido” durante sua educação formal que ainda utilize ou que necessite de fato em sua rotina?
Pois então, nossas escolas ensinam complicadas fórmulas, classificações, datas inúteis a serem decoradas, etc. Priorizam habilidades incabíveis no mundo que estamos inseridos e pior, inúteis para aquilo que necessitamos diante das expectativas do mundo que vivemos.
Durante a graduação em Pedagogia, li diversos autores consagrados e bem conceituados na área, mas, apesar de me esforçar muito, não consigo recordar de nenhum que tenha citado a importância da educação para o contemplar uma criança.  Meu olhar não foi educado para admirar-se com a alegria. Tão pouco acumulei erudição, apesar de ser apresentadas à diversos pensadores como seres sábios. Esqueceram-se de me contar que conhecimento difere demasiadamente de sabedoria.
Nossos estabelecimentos de ensino estão ignorando a satisfação, o espanto, o deslumbramento e a simplicidade das crianças. Não estamos conseguindo educar para a sensibilidade.
Ignoramos a belíssima capacidade que só as crianças possuem de se espantarem com um passarinho fisgando uma minhoca, uma formiga carregando uma folha três vezes maior que ela ou as nuvens formando lindos desenhos no céu.
Desde que comecei a lecionar, percebi que, apesar de desconhecerem as habilidades do mundo adulto ou de serem desprovidos dos conhecimentos acumulados pela humanidade, as crianças são os únicos seres que compreendem o real sentido da vida.
Fiquemos então com a pureza da resposta das crianças!

domingo, 27 de março de 2011

Flores de lótus

O colégio onde ministro as aulas de arte desde fevereiro de 2011, decidiu comemorar com seus professores, funcionários, alunos e pais, o dia da família. Tal evento será realizado no dia 16/04.

Por conta da proximidade do evento, nos últimos dias me pego pensando em algo representativo que possa fazer com meus alunos, para presentear seus entes queridos ou responsáveis no dia da nossa festa.

Meu desejo era de que meus pupilos construíssem um belo presente. Imaginei, em todos os momentos, o quão importante seria realizar algum trabalho manual, para que as crianças fizessem a tarefa proposta, pensando naqueles que são queridos e carregassem o futuro presente de emoção, sensibilidade e boas energias.

Após algumas buscas, encontrei um site na internet que explicava o passo-a-passo do origami da flor de lótus. Encantei-me com a ideia, afinal o crescimento desta flor é belíssimo e repleto de significados que podem, perfeitamente, serem associados ao crescimento educacional de uma criança.

A flor de lótus cresce em total escuridão, seu esforço para alcançar a luz do sol demanda energia e esforço, pois seu caule apóia-se na lama profunda dos lagos e cresce mais do que qualquer outra flor até emergir e abrir suas encantadoras pétalas.

Pensemos em nossas crianças, crescendo na escuridão de um mundo competitivo, recheado de notícias tristes, cruéis e desumanas. Expostas a todos os erros do mundo adulto, suas exigências, obrigações e irritações que nada mais são do que o resultado de um dia absurdamente massacrante.

Diante das melancolias deste mundo, nossas crianças poderiam atolar nesta lama figurativa sem conquistar o sucesso da flor de lótus que cresce em beleza e graça mesmo exposta a tantas adversidades.

Porém, nós, seres humanos, temos a nosso favor a magnífica capacidade de desejar o bem do outro, de nos dedicarmos com demasiada devoção a outro ser, de criar laços afetivos, e compreender o profundo significado da palavra apego, ou seja, somos capazes de amar.

Quando nos damos conta de que temos ao nosso lado e sob nossa responsabilidade pequenos seres, amados, especiais e queridos por nós, é que nos vemos compelidos a zelar pelo desabrochar destas flores de lótus mesmo que estejamos todos quase que afundados em terreno lodoso.

Não podemos nos deixar levar pelas tenebrosas amarguras do nosso mundo. Precisamos buscar o que há de mais belo, aprazível, positivo e amoroso para que continuemos a educar nossos pequenos apoiados em valores primorosos que farão os caules de nossas crianças crescerem tanto até que alcancem a luz e desabrochem inundadas com a capacidade de transformar aquilo que hoje nos causa tantos dissabores.

Estejamos, então, unidos na árdua, porém encantadora tarefa de educar.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Danilo Di Manno de Almeida



Ontem, 15 de março de 2011, fui acalmar a barulhenta saudade que se instalará no meu coração, desde que conclui o curso de Pedagogia na Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) em junho de 2008. Desde então, desejo fazer uma visita aos mestres que foram importantes para mim durante minha caminhada na UMESP.

O desejo de retornar ao campus da Faculdade de Educação e Letras ficou, até ontem à noite, apenas na pretensão. Porém o convite enviado em minha caixa de e-mail para participar de uma noite de palestras, me deixou tão empolgada que a vontade cedeu espaço para a concretização. Fui!

Cheguei à Universidade com o coração feliz e satisfeito por estar, novamente, no ambiente que lhe acolhe e sana seus anseios! Estava imensamente ansiosa para rever alguns professores e, ainda mais animada com a possibilidade de reencontrar um mestre emancipador, Prof° Dr° Danilo Di Manno de Almeida.

Quando entrei no edifício, recebi a notícia de falecimento do professor Danilo. Tristeza, até então, impensável para mim e todos aqueles que foram ou eram seus alunos, dor inconsolável para seus filhos e esposa, perda irreparável para todos os que poderiam, mais do que aprender, compreender o real e concreto sentido de ética, autoconhecimento, emancipação e subjetividade.

Fiz parte da história do professor Danilo como mestre, orientador e idealizador de uma educação emancipadora, capaz de acabar com a tradicional ideia de que o conhecimento é fruto das sábias explicações dos bons professores e da inteligência de poucos alunos.
Professor Danilo nunca foi “explicador”, jamais ofereceu respostas prontas, pois sabia o mal que poderia causar com tal atitude. Ao contrário, aguçava nossa curiosidade e nos apontava o caminho da busca pelo conhecimento, sem se ausentar.

Ainda que não percebêssemos, ele estava por perto. Buscando a cada dia, novas maneiras de ensinar com o objetivo de garantir que seus alunos, igualmente, sem nenhuma distinção, compreendessem o quanto são capazes.

A certeza de que a capacidade de aprender é para poucos, passava a quilômetros de distância do professor Danilo que partiu, sem se deixar embrutecer ou se transformar no boneco cabeçudo (figura caricaturada, engraçada e provocativa sempre presente na prateleira de sua sala).

A vida é ironicamente e sarcasticamente fugaz, mas aquilo que se aprende e compreende com mestres como Di Manno, não tem absolutamente nada de efêmero ou passageiro. Perpetua e imortaliza pessoas raras e brilhantes como Danilo Di Manno de Almeida.

Estive em suas aulas. Desfrutei desta honra e sinto um orgulho tão grande por isso que a satisfação por ter sido sua aluna aplaca a saudade natural que se inicia.

Luciana Fernandes, emancipada pelo mestre Danilo.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Uma lembrança dolorosamente afetuosa!

Hoje, por volta das 12:30, quando acabara de servir o almoço para os meus, uma querida amiga me telefonou com tom apressado na voz, pois conhece minha rotina. Sua afobação ao falar era imensamente conflitante com a emoção que embargava sua voz e o tom melancólico na entonação que dava às suas frases.

Senti, com toda a força da verdadeira afeição que tenho por ela, o quanto precisaria deixar claro que aquela ligação não atrapalhava o andamento dos hábitos cotidianos da minha casa.

Quando ela conseguiu entender que não era sinônimo de incômodo, o desabafo foi claro, sucinto e dolorido. Amargamente ressentido pela saudade que se instalara em seu coração sem causa aparente ou lógica explicação.

O coração desta amiga tão preciosa chorava e lamentava a ausência de sua irmã que partiu aos 22 anos de idade! Cedo demais, inexplicavelmente cedo, dolorosamente cedo para todos os mortais e, principalmente para ela e sua família.

Hoje, a falta do sorriso, do abraço, do ombro e do amor fraterno, fizeram com que minha amiga sentisse a dor da saudade.

Dor como essa, da saudade por aqueles que nos deixaram, é tão sofrível, tão impossível de ser aplacada ou amenizada porque não existem palavras capazes de sufocar o choro contido, o grito sufocado e, até mesmo, certa revolta por não encontrarmos nenhuma explicação plausível que aquiete nosso coração com relação aos prováveis ou possíveis motivos que só nosso Senhor conhece para permitir que uma vida seja interrompida no que consideramos ser o início da melhor fase de uma existência.

Prometi fazer uma oração. Cumpri. Orei como nunca consegui. Fui capaz de honrar com minha palavra por dois fortes motivos: minha alma compartilha comigo a afeição que meu coração nutre por essa pessoa e porque sou capaz de compartilhar com ela essa dor. Também tenho uma irmã mais nova que enche minha vida de alegria. Não saberia onde buscar forças para sorrir sem sua existência terrena. Porém, minha amiga consegue!

Amiga, irmã de alma, você sabe o quanto admiro a capacidade impressionante que Rubem Alves tem para usar as palavras. Segundo esse gênio, “a saudade é a nossa alma dizendo para onde ela quer voltar”.

Sua alma, hoje, lhe sussurrou o quanto gostaria de voltar para o colo de sua irmã, para seus conselhos sábios, seu abraço acolhedor e o quão importante seria ouvir novamente o que ela teria para lhe dizer sobre o momento que você vive agora.

Momento: espaço pequeníssimo de tempo, mas indeterminado; instante; ocasião (Aurélio). Seu momento gera conflitos, te angustia, te faz sentir saudade, sofrer e buscar alento. Porém, ele se resume a uma ocasião passageira, um mero e insignificante instante que logo findará.

Quando esse momento passar, a saudade dará lugar as doces lembranças que farão seu coração sorrir novamente com a alegria e a certeza daqueles que como você, acreditam no reencontro oferecido pela bondade infinita do Pai.

Te abraço com a força do meu pensamento e ofereço todo o meu carinho por meio das palavras.

Amo você!

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Carnaval - São Bernardo - o destaque 2011

Neste ano, a escola de samba Tom Maior homenageará o município de São Bernardo do Campo!
Estou orgulhosa, afinal sou cidadã desta terra desde 2005. Por este motivo, preparei um texto que conta a história desta unidade territorial do meus país. Este texto me auxiliou no preparo das minhas aulas nesta semana e me ajudou a compreender algumas características desta localidade que tanto estimo.


No dia 3 de dezembro de 1530, Martim Afonso de Souza recebeu da corte portuguesa a incumbência de realizar a primeira expedição colonizadora ao Brasil. O grupo dedicado para cumprir a tarefa, contava com 400 homens que desembarcaram nas terras do atual município de São Vicente, no dia 30 de abril de 1531.

Quando chegou, Martim Afonso de Souza encontrou João Ramalho  , um português aventureiro que desde 1512, navegava, procurando a sonhada Ilha do Paraíso no Brasil. Porém, a embarcação de Ramalho naufragou na costa da atual São Vicente em 1531. Portanto, quando Martim Afonso chegou a seu destino, encontrou um conterrâneo já familiarizado com os índios.

João Ramalho casou-se com a índia Bartira, filha do cacique Tibiriçá. Essa união lhe rendeu muito prestígio entre os índios e enorme facilidade para intermediar todo tipo de negociação entre portugueses e índios, sempre favorecendo os interesses da corte portuguesa que levava das terras brasileiras quantidades exorbitantes de pau-brasil em troca de quinquilharias, como espelhos, facas, pedaços de pano, etc.

Os portugueses chegavam cada vez em maior número, muitos se envolviam com as índias que engravidavam. Índios, portugueses e mamelucos começaram a se aglomerar ao redor da taba do cacique Tibiriçá, originado uma vila.

Em abril de 1553, a vila recebeu o nome de Vila de Santo André da Borda do Campo e, João Ramalho foi nomeado Alcaide (cargo semelhante ao de prefeito). Em 1560 a Vila passa a ser constantemente atacada pelos índios Carijós. Então o governador geral, Mem de Sá, declara extinta a Vila de Santo André e ordena a fundação da Vila de São Paulo de Piratininga nas imediações do Colégio São Paulo. João Ramalho é nomeado, Capitão-Mor.

Da primeira Vila criada por João Ramalho, nasceu a Vila de São Paulo, o que justifica o lema do brasão na bandeira do são bernardense ou batateiro, para os íntimos "Paulistarum Terra Mater" (Terra-Mãe dos Paulistas).
As terras que hoje conhecemos por São Bernardo do Campo, passaram a ser habitadas por detentores de sesmarias, como por exemplo, os monges Beneditinos que passaram a desenvolver a agricultura, principalmente o cultivo de batatas, na Fazenda São Bernardo.

Novo povoado passa a surgir nas imediações da Fazendo São Bernardo. Mas, a oficialização não poderia ser realizada porque esse povoado avançou tanto em crescimento ao ponto de se estender às terras particulares dos Beneditinos. A saída foi transferir o povoado para outro trecho do velho Caminho do Mar, onde atualmente encontra-se a Igreja Matriz do nosso município (Marechal Deodoro).

Em 1877, o território contava com 15 pequenas vilas que, posteriormente, deram origem aos atuais bairros de São Bernardo do Campo. Essas vilas receberam os imigrantes que chegavam ao Brasil.

O crescimento intensifica o plantio. Matas são derrubadas, ruas, estradas, casas e novas vilas são construídas. Surgem as serrarias que justificam a tradição moveleira de nossa região e que, já indicavam a tendência industrial do município.
A total emancipação política e administrativa ocorreu em 1944.


      

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Crise

Crise: estado de manifestação aguda ou agravamento de doença física, mental ou emocional; manifestação repentina de um sentimento. (Houaiss – língua portuguesa).

Sinto que vivo um momento de crise pessoal!
Questionamentos, dúvidas, anseios, desejos e sonhos adormecidos, inquietam-me nas últimas semanas com insistência irritante e responsável pela alteração no meu humor e paciência. Porém, esse incômodo é acalentado pela certeza de que toda crise nos faz renascer.
Já adquiri novo ímpeto algumas vezes durante esses 33 anos, isso porque, em determinados momentos desta minha curta existência, alguns aspectos da minha vida deixaram de estar em perfeito equilíbrio. Algo foi capaz de tirar minha tranquilidade e inquietar minha alma, da mesma maneira que acontece agora.
Porém, foi nestas ocasiões que busquei freneticamente a antiga “perfeição”. Superei a crise e renasci.
A fase crítica que vivo agora acontece por conta da ânsia incontrolável de retomar minha formação acadêmica e me envolver intensamente com a profissão que escolhi.
Aqueles que me conhecem intimamente ou que acompanham este blog, perguntarão o que está acontecendo se a meses atrás, dividia com todos a satisfação e a realização imensa de ser “apenas” mãe? Não sei!
Talvez seja a natural necessidade humana de sempre buscar algo novo quando certas conquistas já satisfizeram bastante o ser.
Engravidei, gerei, amamentei e vi meu filho aprender a andar, falar, deixar as fraldas, superar os primeiros dias de aula, viajar sozinho e agora passo a me acostumar com o fato de que ele é uma pessoinha com opiniões e desejos próprios e que não sou mais o centro de suas atenções. Já minha pequena princesa, acabou de deixar as fraldas. Mas, já sei o que virá e, quando ela, também, estiver prestes a completar doze anos, não desejará mais meus beijos e abraços em público e minha companhia agradará infinitamente menos do que a de suas amigas.
Resumindo: precisará de minha presença constante tanto quanto meu filho precisa hoje. Quase nada!
Considero que esse seja o motivo que me leva a desejar ardentemente o retorno ao trabalho fora do ambiente doméstico.
Porém, meu querer não é compreendido por quem deveria estar ao meu lado de maneira incondicional, percebendo e aceitando que o importante não é o fato das semelhanças, anseios e sonhos combinarem, mas as diferenças serem superadas em nome da satisfação e do brilho nos olhos do outro.
O belo de uma união é um perceber e entender que as necessidades, emoções, motivos, buscas e satisfações do outro são diferentes, mas não menos importantes.
Parece-me, neste momento da minha caminhada, que o estopim desta crise resume-se ao julgar, sem notar, perceber ou sentir.
Mais uma vez aprendo: Quanto menos julgarmos e buscarmos compreender, melhor!


quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Delicioso improviso

Hoje, por volta das 8:00 horas, quando meu marido e eu preparávamos o café da manhã, percebemos que os pães e biscoitos haviam “abandonado” nossa despensa! O jeito foi improvisar.
Sem nenhum segundo para pensar ou organizar um plano estratégico capaz de fazer aparecer deliciosos pães frescos, quentinhos e cheirosos em nossa mesa, improvisei da maneira mais deliciosa que podia. Preparei panquecas, práticas, saborosas e facílimas de fazer.
Como tudo acabou de maneira agradável e nosso dia iniciou-se saboroso e feliz, resolvi dividir essa receita com todos.
Espero que provem e gostem! Excelente apetite!

Panquecas americanas

1 e ¼ xícara (chá) de farinha de trigo
1 colher (sopa) de açúcar
3 colheres (chá) de fermento em pó
2 ovos inteiros
1 xícara (chá) de leite
1 colher (sopa) de óleo

Em um recipiente fundo misture a farinha, o açúcar e o fermento. Reserve. Em outro recipiente, misture os ovos, o leite, e o óleo. Acrescente os líquidos à primeira mistura de ingredientes secos. Misture bem.
Aqueça uma frigideira de teflon e coloque a massa no centro (cerca de uma concha). Deixe fritar até que fique levemente dourada. Frite os dois lados da panqueca.
Sirva quente com cream cheese, manteiga ou com morangos cortados ao meio, regados com mel.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Janeiro de chuvas e tragédias previstas

Hoje pela manhã ouvia atentamente o brilhante comentarista Alexandre Garcia dizer que no Brasil sabemos tudo, só não sabemos como evitar. Seu comentário baseava-se na tragédia que assolou a cidade maravilhosa e já matou 610 pessoas em 7 municípios.
O “tudo” a que Garcia se referia é a tragédia anunciada e possivelmente prevista que vemos assolar cidades do nosso país e destruir famílias há décadas com uma única diferença: a cada ano a destruição, a dor, o sofrimento e a aflição acometem pessoas em diferentes Estados, cidades ou municípios do Brasil.
Em janeiro de 2010 vimos parte da pousada Sankay, em Angra dos Reis e sete casas vizinhas serem soterradas, além de 20 casas no Morro da Carioca. Em abril do mesmo ano as chuvas provocaram deslizamento de terra no Morro do Bumba em Niterói. Agora em 2011 assistimos atônitos as notícias que nos chegam sobre Nova Friburgo, Petrópolis e Teresópolis.
Podemos questionar o motivo pelo qual catástrofes tão semelhantes acontecem com o intervalo de apenas um ano?
Não é tão difícil chegar a uma conclusão possível. Vejamos, em 2010 após a calamidade de Angra, as autoridades solicitaram um estudo com propostas documentadas ao Instituto Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/RJ). As propostas eram claras e objetivas. Além de termos técnicos baseados na ciência geológica, o Coppe/RJ dizia que todas as famílias moradoras em áreas de risco deveriam ser retiradas destes locais e as autoridades deveriam assumir a responsabilidade de impedir que novas construções fossem edificadas nos locais que apresentassem risco potencial de possível desmoronamento. Porém, 2010 foi ano eleitoral. Quem seria audaz o bastante para retirar possíveis eleitores de suas moradias?


Voltei

Passei algumas semanas longe do meu blog e da criação de novos textos e pensamentos porque viajei. Primeiro para o interior de São Paulo (Matão) onde sempre sou muito bem recebida pela família do meu marido e, logo em seguida, fomos para o litoral sul paulista (Peruíbe).
Descansei, me diverti bastante vendo a alegria dos meus filhos, e esgotei parte das minhas energias para acompanhar o ritmo frenético das crianças diante das novidades que as viagens oferecem.
Agora, parece que a rotina volta ao normal e como todo princípio de ano, 2011 chega questionando-me quais serão meus planos, desafios, sonhos a serem realizados e desejos para mais 365 dias que começam a se mostrar.
Bom, até alguns dias atrás fazia milhares de planos comuns, como tantas outras pessoas os fazem, como, cuidar mais da saúde, ser mais paciente, tolerante, ler muito mais, passar mais tempo com os verdadeiros amigos, dizer mais vezes algumas palavras mágicas (desculpe, obrigada, estarei sempre por perto, amo você, te admiro, etc.). Porém, as imprevisíveis e deliciosas surpresas desta vida alteraram todos os meus projetos.
Há alguns dias atrás ouvi certas “afirmações” de alguém quase que desconhecido. Este alguém fazia certas considerações sobre minha personalidade, meu convívio familiar e minha satisfação, felicidade e realização com relação a minha vida particular. Estranho? Imaginem qual foi minha surpresa diante de comentários que nem mesmo meus pais ousariam fazer, apesar de me conhecerem melhor do que sou capaz de me analisar!
Pois bem, vamos às confidências: Diante do olhar deturpado e preconceituoso, sou uma pessoa amarga, que finge ser feliz, incapaz de ser atenciosa e compreensiva com meu filho e detentora de regras e normas rígidas que de nada servem.
Aqueles que me conhecem devem imaginar como me senti, não é mesmo? Pois, enganam-se os que pensaram que minha reação foi de ataque ou imensa tristeza. Apenas respondi que existe uma linha tênue entre sinceridade e grosseria. Deveria ter acrescentado que seria prudente nos mantermos longe do desconhecido, afinal sou aquilo que não se conhece para esse alguém.
Pode parecer muito melancólico iniciar 2011 com “ataques”. Mas, acredite, não é! Esse acontecimento foi inspirador, quase que revelador e capaz de modificar parte dos meus planos para esse começo de tempo correspondente a uma revolução da Terra em torno do Sol.
Obriguei-me a acrescentar mais um desafio à minha lista de planos: ser compreensiva. Como poderia ser diferente? Estive diante de uma pessoa que apresentou um comportamento agressivo e prepotente com notável depreciação do outro.
Tal comportamento, segundo Carl Gustav Jung, encaixa-se no que o psicanalista analítico caracterizou como sentimento de superioridade. Um sintoma de que a pessoa não sabe como conviver com suas limitações e que em seu cerne sente-se inferior, por isso, a necessidade constante de depreciar outras pessoas como tentativa de se reafirmar aparentando superioridade. Essas pessoas, na verdade, apresentam forte sentimento de insegurança, medo de rejeição e autoestima bem reduzida.
O que posso sentir diante daquilo que vivi, das acusações infundadas e comentários visivelmente maldoso, senão compreensão?
Planos para o ano novo: Sejamos compreensivos!