Hoje, por volta das 12:30, quando acabara de servir o almoço para os meus, uma querida amiga me telefonou com tom apressado na voz, pois conhece minha rotina. Sua afobação ao falar era imensamente conflitante com a emoção que embargava sua voz e o tom melancólico na entonação que dava às suas frases.
Senti, com toda a força da verdadeira afeição que tenho por ela, o quanto precisaria deixar claro que aquela ligação não atrapalhava o andamento dos hábitos cotidianos da minha casa.
Quando ela conseguiu entender que não era sinônimo de incômodo, o desabafo foi claro, sucinto e dolorido. Amargamente ressentido pela saudade que se instalara em seu coração sem causa aparente ou lógica explicação.
O coração desta amiga tão preciosa chorava e lamentava a ausência de sua irmã que partiu aos 22 anos de idade! Cedo demais, inexplicavelmente cedo, dolorosamente cedo para todos os mortais e, principalmente para ela e sua família.
Hoje, a falta do sorriso, do abraço, do ombro e do amor fraterno, fizeram com que minha amiga sentisse a dor da saudade.
Dor como essa, da saudade por aqueles que nos deixaram, é tão sofrível, tão impossível de ser aplacada ou amenizada porque não existem palavras capazes de sufocar o choro contido, o grito sufocado e, até mesmo, certa revolta por não encontrarmos nenhuma explicação plausível que aquiete nosso coração com relação aos prováveis ou possíveis motivos que só nosso Senhor conhece para permitir que uma vida seja interrompida no que consideramos ser o início da melhor fase de uma existência.
Prometi fazer uma oração. Cumpri. Orei como nunca consegui. Fui capaz de honrar com minha palavra por dois fortes motivos: minha alma compartilha comigo a afeição que meu coração nutre por essa pessoa e porque sou capaz de compartilhar com ela essa dor. Também tenho uma irmã mais nova que enche minha vida de alegria. Não saberia onde buscar forças para sorrir sem sua existência terrena. Porém, minha amiga consegue!
Amiga, irmã de alma, você sabe o quanto admiro a capacidade impressionante que Rubem Alves tem para usar as palavras. Segundo esse gênio, “a saudade é a nossa alma dizendo para onde ela quer voltar”.
Sua alma, hoje, lhe sussurrou o quanto gostaria de voltar para o colo de sua irmã, para seus conselhos sábios, seu abraço acolhedor e o quão importante seria ouvir novamente o que ela teria para lhe dizer sobre o momento que você vive agora.
Momento: espaço pequeníssimo de tempo, mas indeterminado; instante; ocasião (Aurélio). Seu momento gera conflitos, te angustia, te faz sentir saudade, sofrer e buscar alento. Porém, ele se resume a uma ocasião passageira, um mero e insignificante instante que logo findará.
Quando esse momento passar, a saudade dará lugar as doces lembranças que farão seu coração sorrir novamente com a alegria e a certeza daqueles que como você, acreditam no reencontro oferecido pela bondade infinita do Pai.
Te abraço com a força do meu pensamento e ofereço todo o meu carinho por meio das palavras.
Amo você!
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