quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Apenas mãe e dona de casa

Iniciei este blog no dia 07/12/2010 por insistência do meu filho, que por sinal me ensinou os passos para a criação desta página virtual, mas também, porque algumas vezes sinto-me sufocada por questões que povoam minha cabeça de mulher, filha, irmã, esposa e mãe. Além disso, acredito que outras pessoas podem se identificar com meus conflitos, sonhos, ideias e opiniões.
O primeiro texto postado neste blog nasceu depois de assistir um vídeo sugerido por uma amiga, então as palavras foram aparecendo e escrevi. Mas desde ontem me pergunto por que não expliquei como surgiu o nome do blog?
Pois bem, minha intenção era mostrar, a quem se interesse que mulheres cuidadoras de seu lar, marido e filhos sabem raciocinar, dialogar com seus pensamentos e manifestar suas concepções. Estar dona de casa ou ser não anula a essência das mulheres e não as fazem menos ou mais inteligentes do que qualquer outro ser. Afinal, donas de casa também pensam!
Em março de 2009 recebi em minha caixa de e-mail um artigo assinado pelo presidente da OAB–SP (Luiz Flávio Borges D´Urso) que parabenizava as mulheres por todas as conquistas asseguradas desde a Revolução Industrial. Em determinado trecho deste artigo, Luis Flávio dizia que “desde os tempos que elas deixaram de ser apenas donas-de-casa para encarar a labuta nas insalubres indústrias no final do século 18, os desafios foram sendo ampliados e as conquistas estabelecidas”. Por que apenas donas de casa?
Esse apenas no texto do presidente da OAB causou-me certo desconforto e inquietude. Diante deste incômodo que não passava fui buscar o significado da palavra apenas nos dicionários que possuo em casa. Vale lembrar que, donas de cada também têm dicionário.
Segundo o dicionário Houaiss de língua portuguesa, apenas significa só, unicamente. O dicionário Aurélio nos apresenta definição quase que idêntica para a mesma palavra: só, somente, unicamente. Não restava nenhuma esperança, de fato, o senhor Borges D´Urso estava se referindo à todas as funções, responsabilidades, afazeres e dificuldades de uma dona de casa como algo reles, ínfimo, pequeno, sem importância. Diante deste apenas só consegui pensar que o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil ou não teve mãe presente ou foi cuidado e educado por pessoas que representam um apenas em sua vida. Fazer o quê?
Sigamos em frente, tenho 33 anos, dois filhos, um garoto de 11 anos e uma menininha de 2 anos, frutos de uma união amorosa, amigável e responsável, sou pedagoga, filha, irmã e dona de casa. Mulher independente, livre e realizada.
Muitos perguntarão como posso me declarar independente se digo que sou dona de casa e, provavelmente devo ter minhas necessidades econômicas providas por um marido?
Independente porque tenho minhas ideias, sonhos, convicções, desejos e anseios. Sou livre da sujeição de outrem. Minha personalidade não está subordinada a alguém. Logo, sou livre e independente.
Sou também realizada porque escolhi, optei, decidi estar em casa com meus filhos, vê-los crescer, auxiliá-los nas tarefas de casa, preparar para os dois alimento saudável e balanceado, sentir aquele cheirinho doce e inigualável que só as crianças têm quando saem do banho, dizer bom dia e boa noite sabendo que estive presente, que acompanhei mais um dia que não voltará de maneira alguma, mesmo que tivesse toda a independência financeira de uma grande executiva.
Independência vai muito além do estar inserida e engolida pelo mercado de trabalho competitivo e alucinante que arranca o bebê do seio de sua mãe aos quatro meses de vida, ou melhor, desde 2008 aos seis. Mas essas leis são sancionadas porque não é importante a mãe ser apenas mãe, não é mesmo?
Donas de casa e mães por opção, escolha ou realização pessoal, voltar ao mercado exige coragem, força de vontade, garra, determinação e competência. Tais qualificações ou habilidades estão muito aquém de experiência ou tempo de trabalho. São atributos natos, mas que podem ser adquiridos diante do seu desejo.
 Posso dizer, diante de toda a minha insubordinação que sou corajosa, desprendida, segura e inteligente o bastante para escolher ser apenas mãe ou dona de casa como queiram chamar.
Luciana Fernandes.

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